segunda-feira, 6 de abril de 2020

Todo mundo consegue perseverar



Domingo assistimos à reunião das 9h30 do Templo de Salomão, com o Bp Renato Cardoso, pelo canal 21. Ele falou sobre a diferença entre a fé emotiva e a fé comprometida com a Palavra de Deus. A fé emotiva não sustenta nas situações difíceis. A pessoa cuja fé é emotiva se desespera, fica ansiosa, com medo, muda seu comportamento para pior. Já a pessoa cuja fé é comprometida permanece firme, não depende das circunstâncias, porque ela decide permanecer firme. É mesmo uma decisão racional.

Anotei uma frase do Bispo: “Quanto pior a situação, mais firme (a pessoa que tem a fé comprometida) está com Deus. Podem fechar a porta da igreja, mas não podem roubar a fé dessa pessoa”. Ter uma fé assim foi uma decisão que tomei e que continuo tomando diariamente, porque eu quis ser essa pessoa que permanece firme em qualquer circunstância (e estou provando isso aqui no vale da sombra da morte). E, incrivelmente, isso era algo que eu fazia em algumas áreas da minha vida secular, mas não sabia aplicar à minha fé.

Para você ter uma ideia do uso inútil da capacidade de convicção, ou do desperdício de perseverança, eu sustentava uma argumentação por horas, só para ganhar a discussão. Gastava minha energia sendo teimosa com as pessoas ou insistindo em situações e comportamentos que só me faziam mal. Mas desistia de quase tudo o que era bom para mim (problema espiritual detected). Ou seja, eu sabia insistir e sabia desistir, só não sabia a hora certa de fazer essas coisas.

Todo mundo sabe insistir. Todo mundo consegue perseverar. Durante a depressão, chorar todas as madrugadas pensando que ninguém me entendia e que a vida era só dor e desespero exigia de mim uma perseverança violenta. Hoje, só de pensar em passar horas me torturando com pensamentos negativos, eu já fico com preguiça, mas dos 17 até o mês em que fiz 20 anos, esse foi meu roteiro de quase todas as madrugadas.

Escrevia no diário ou em algum caderno (tenho eles até hoje), falava do meu dia e das minhas dores da alma e escrevia uma poesia horrorosa qualquer falando de solidão e vazio (tenho uma pasta cheia dessas poesias). Depois ficava pensando (conversando com gremlins) por HORAS, até o dia nascer. Chorava tanto que a dor chegava a ser física, um desespero que parecia que eu ia morrer. Você não tem ideia (ou talvez tenha) do esforço que uma pessoa precisa fazer para se manter nesse estado. É um treinamento de horror. Você não pode simplesmente dizer: “não posso pensar nisso agora, vou dormir porque amanhã cedo tenho aula”. Você se força a entrar no moedor de carne mental e fica lá girando a manivela da autocomiseração, da desesperança, da raiva, do desespero.

Dá trabalho e exige perseverança e foco. Por que raios eu nunca pensei em direcionar toda essa energia para a busca por Deus? Para a convicção de que o que a Bíblia diz é a verdade que poderia mudar a minha vida? Porque eu achava que já tinha encontrado. No alto da minha arrogância adolescente, eu achava que já tinha as respostas, ainda que as disfarçasse em forma de dúvida. Está mais perto da saída quem reconhece que está preso e que não consegue sair sozinho.

Mas mesmo depois que saí desse buraco, me enfiei na acomodação religiosa e não coloquei toda a minha energia em me entregar a Deus. Ele tirou minha depressão, consegui remendar meu interior, mas continuei com a velha vida. Continuava sendo a mesma Vanessa, só menos negativa. A mudança total, mesmo, foi rápida, mas antes disso levei dez anos para perceber que precisava mudar. Que precisava morrer. E é isso o que significa se entregar: morrer no Altar. Não me importava mais o que me aconteceria no futuro, estava pouco me importando com o passado ou o presente, o que eu queria, gostava ou planejava, coloquei tudo no Altar. Deus poderia fazer o que quisesse com aquilo, com a minha vida. Eu decidi não existir mais. Morrer para este mundo e para mim mesma. E que Ele me ensinasse tudo de novo e me reconstruísse. Que Ele me fizesse do zero. Foi assim que eu nasci aos 29 anos.

Mas ninguém nasce sabendo andar, pular e correr. Isso quem traz é o crescimento. E tudo o que me aconteceu nos últimos dez anos serviu para fortalecer minha fé e me ensinar a usar minha perseverança a meu favor. Manejar a arma que eu já tinha, afiando minha espada e treinando para que esteja pronta sempre que eu precisar. Não sou forte, guerreira e resistente. Eu sou fraca, cheia de defeitos, naturalmente propensa a desistir e a desanimar — como a esmagadora maioria das pessoas. O que me faz forte (e realmente me faz, porque se permaneço assim, não sou arrastada pela fraqueza) é manter o exercício da fé comprometida. É empregar diariamente a minha energia e o meu foco no fortalecimento do meu espírito, na convicção de que Deus está comigo, de que Ele é bom e que tudo aquilo que prometeu se cumprirá. 

E para conseguir manter esse exercício, é absolutamente necessário ter cuidado com aquilo que entra pelos meus ouvidos e pelos meus olhos. E com o que se passa entre as minhas orelhas também. A essa altura do meu campeonato, não faço mais queda de braço com os meus pensamentos. Dentro de mim hoje tenho uma Força que me faz ser maior do que eles. Aí a gente enfrenta qualquer coisa. Passa pelo meio de qualquer tempestade, de qualquer vendaval. A vida vira de cabeça para baixo e você permanece em pé. O futuro se torna um borrão indefinido e você continua confiante. Agora você faz parte desse povo doido que não está nem aí para o que vê, ouve ou sente. Esse povo doido que simplesmente SABE em Quem tem crido e que, conforme mantém essa confiança, começa a ver o impossível acontecer. E eu já perdi a conta de quantas vezes vi o impossível. E temos uma Fonte infinita de impossíveis. Independentemente de qualquer dificuldade que venhamos a enfrentar, esta é uma vida que vale a pena viver.

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PS. Hoje é o segundo dia do Jejum de Daniel e eu fiquei sabendo que o governador de São Paulo prolongou a quarentena até o dia 22/04...eu não disse que a gente acaba sabendo das coisas que precisa saber, mesmo não indo atrás das notícias?

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