sábado, 7 de março de 2020

A fé é uma decisão



Ando bem cansada fisicamente, e a cabeça funciona à prestação, então levo uma semana para completar um dia. É chatinho, mas tive uma virose no mês passado e o processo de recuperação é mais lento. A virose já se foi faz tempo, agora meu organismo precisa se recuperar do desgaste e do período de repouso (é, por incrível que pareça, repouso cansa, porque a criatura disautonômica  perde massa muscular). Mas estou melhorando.  

Eu estava pensando no quanto esses altos e baixos da recuperação de uma doença crônica poderiam bagunçar a cabeça de alguém que estivesse com a fé em baixa. Porque em todo esse processo, a única coisa que me ajuda a manter a sanidade mental é a fé. Fisicamente esgotada, mas nunca desanimada. Às vezes tem a tal "névoa mental" (brain fog), mas nem sombra de depressão. Meu corpo ainda está meio coisado, mas estou sempre tentando ficar bem e dificilmente você vai me ver com "cara de doente" (fico muito "miss olheira" e nem sempre estou fotografável, mas se eu saí de casa ou deixei alguém me visitar é porque estou minimamente apresentável e "visitável"). As pessoas acham esquisito o fato de eu viver sorrindo e bem humorada mesmo com tanta coisa "ruim" acontecendo. Não estou fingindo. Eu realmente estou feliz, porque minha felicidade independe das circunstâncias, ela vem do que está dentro de mim (eu não sou meu corpo). E meu foco está todo no fortalecimento da minha fé.

Passo o dia pensando nas coisas de Deus, medito no que leio na Bíblia, no que ouço nas reuniões, no que vejo nos programas da igreja... de modo consciente, absolutamente tudo o que eu vejo já tento relacionar com as coisas da fé, mesmo que seja uma notícia secular. Coloquei na cabeça que meu objetivo é agradar a Deus, sair dessa fase mais forte espiritualmente e mais preparada para destruir as obras do inferno. Quero sair dessa bem melhor do que entrei — e tenho conseguido. 

Quero ser uma pessoa melhor, tenho superado inseguranças que eu nem sabia que tinha, tenho descoberto coisas em mim para melhorar e que poderei repassar a outras pessoas em um futuro próximo. Tenho tido ideias para dezenas de livros, vídeos e artigos. Faço planos, traço metas e vou aprendendo a não dar bola para o que até pouco tempo me deixava preocupada ou chateada. Não me interessa se eu não consegui sair da cama ou se fiz uma caminhada no supermercado e não consegui fazer mais nada o dia inteiro. Os dias ruins não querem dizer nada no contexto geral. Só conto os dias bons. Meu objetivo é usar esse tempo para me aproximar de Deus, afiar a minha fé a fim de que seja impossível alguma coisa me parar novamente.

Não sobra tempo para gastar com pensamentos negativos ou sentimentos ruins. A fé é uma decisão. Ouvi isso em uma reunião do Bp. Renato e nunca vou me esquecer. A gente tem que decidir crer, independentemente de qualquer outra coisa. Por enquanto o que eu tenho ainda é muito pouco, mas é o que eu tenho, é com isso que tenho que trabalhar. Vivendo um dia de cada vez, com a certeza de que coisas incríveis estão para acontecer, porque o cumprimento das promessas é inevitável. E quando Deus diz que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (amar é obedecer), é TUDO mesmo. 

Mesmo quando você não pode fazer absolutamente nada para mudar suas circunstâncias, por estarem fora do seu controle, ainda existe muita coisa que você pode fazer e que pode transformar o resultado dessa situação adversa. Pare de olhar o que você não tem, o que você perdeu ou o que não está conseguindo. Em um momento complicado, diante de uma situação adversa, cabe a você decidir como vai reagir. A qual pensamento vai dar ouvidos, a que tipo de atividade vai se dedicar, o que vai ler, a que vai assistir, com o que vai gastar seu tempo, que tipo de palavras e sentimentos vai permitir que frequentem sua cabeça. 

Você pode rejeitar (e expulsar) qualquer pensamento, sentimento ou sensação ruim, pode se trancar no banheiro e conversar com Deus quando precisar desabafar com alguém (é muito mais eficiente, por sinal), pode deletar do seu celular aquela rede social que rouba seu tempo e enche sua cabeça de lixo (já fiz isso com o Facebook e o Twitter, tenho que entrar no computador para acessar, se quiser. Mas isso é assunto para outro post), pode entregar suas preocupações para Deus e decidir crer. 

Essas são coisas que só você pode fazer.




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PS. Amanhã apareço de novo para conversar mais um pouco sobre essas coisas. :) 

PS2: Tudo isso para que você entenda, de uma vez por todas: não se trata de como sua vida está no momento ou das circunstâncias que você vem enfrentando. A estrutura de que você precisa deve ser construída de dentro para fora. 

3 comentários:

  1. Você escreve muito bem, compartilhei seu post porque fala muito comigo e diz muito sobre o que tenho passado tbm. Obrigada

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  2. Oi, Vanessa!
    Tem uma parte da vida em que a gente acha que as coisas ao nosso redor precisam mudar (ou então as pessoas) para que possamos ser felizes, mas tem um momento em que a gente se dá conta de que é a gente que tem que mudar, que não são as circunstâncias que vão nos fazer mais ou menos felizes. O que você está vivendo é exemplo disso, porque apesar de tudo, de todas as dificuldades, o que tem dentro de você te leva adiante.
    Serve para mim de exemplo... Para todos nós, né?
    Estou feliz de ler os seus textos, e creio que está me ajudando.
    Que Deus te abençoe e que seus dias bons sejam cada vez mais numerosos!
    Abraços :)

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  3. Hoje eu estava lendo em Filipenses que as coisas que aconteceram com Paulo contribuiram para o maior proveito do evangelho. Essa é a característica da pessoa de Deus: transformar as adversidades em oportunidades.

    Como sempre, excelente texto!

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